sexta-feira, 21 de agosto de 2009

1. Gripe Pandémica - Ponto de Situação
Observa-se uma aceleração no aumento do número de casos de Gripe A, que atingiram no dia 20 de Agosto os 1877 casos, tendo-se verificado que a partir do dia 14 de Agosto, data na qual Portugal atingiu e superou a barreira dos 1000 casos de Gripe A, o número de casos de origem desconhecida superou os de outra origem.
Continua a observar-se que uma proporção importante dos casos é diagnosticada no Algarve, onde a circulação do vírus na comunidade continua limitada e dispersa (não se observa nenhum foco epidémico).


2. Gripe Pandémica – cenários imediatos
Dado o aumento do número de casos, é de esperar que situações clinicamente complexas se manifestem mais frequentemente. A situação será mais difícil durante o mês de Setembro com o regresso de férias, a abertura das escolas e um clima social próprio do período pré-eleitoral.

3. Incidência da Gripe e casos confirmados laboratorialmente
Tem-se observado que, mesmo numa fase precoce do processo pandémico, o número de casos reais supera em muito o número de casos confirmados laboratorialmente.

“… As of 27 May 2009, there had been 820 confirmed cases in New York City,
of whom two had died, resulting in a computed CFR of 0.2%. A telephone survey
estimated that in fact 250,000 cases had occurred in that city of 8.3 million
inhabitants, resulting in an estimated CFR of 0.0008% [8,9]. In the United
Kingdom (UK), there were 28 deaths reported for a documented 10,649 cases as of
16 July 2009 and a computed CFR of 0.26%. However, health authorities estimated
that the cumulative number in the UK on that date was 65,649 cases and 28
deaths, which corresponds to an estimated CFR of 0.04% ”.
Eurosurveillance,
Volume 14, Issue 33, 20 August 2009 - Epidemiology of fatal cases associated
with pandemic H1N1 influenza 2009
L Vaillant1, G La Ruche, A Tarantola, P
Barboza, for the epidemic intelligence team at InVSFrench Institute for Public
Health Surveillance

4. Anúncio do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde anuncia uma nova etapa na resposta à ameaça pandémica. Durante a presente semana, o Ministério da Saúde anunciou que se processa a transição de uma etapa destinada a procurar conter a expansão da Gripe e a preparar os planos de luta contra a mesma para uma nova etapa em que o enfoque será na resposta às necessidades dos doentes e activação dos planos de contingência.
Isto quer dizer que os casos de Gripe A deixarão de ser, por rotina, confirmados laboratorialmente, passando o diagnóstico a ser clínico. Os Hospitais passarão a tratar exclusivamente os casos cuja gravidade o justifique, passando certas situações a ficar a cargo dos Cuidados de Saúde Primários.
Nesta nova etapa a DGS fará um ponto de situação relativa à evolução da Pandemia semanalmente e não diariamente como até então.

5. Linha Saúde 24
A Linha Saúde 24 tem experimentado dificuldades na resposta a um número sempre crescente de solicitações.

Já (…) eram noticia as dificuldades no atendimento – durante o pico da gripe
sazonal – 30% das chamadas ficavam por atender (Diário de Noticias, 20 de Agosto
de 2009).
A Linha Saúde 24 está em sobrecarga, a receber uma média de 6 mil
chamadas por dia, quase o dobro do verificado há dois meses, altura que já
perdia centenas de telefonemas diariamente (Público, 10-07-09).
Saúde 24
devia conseguir atender até 10 mil chamadas por dia mas só consegue dar resposta
a cerca de um terço (Diário de Noticias, 20 de Agosto de 2009).
No Centro de
Saúde de Portimão, a simples menção do serviço levanta um coro de críticas.
“Esqueça a linha, não funciona”, atira um rapaz que ouvia a conversa por perto
(Visão, 20 de Agosto de 2009).
“(…) A enfermeira disse-nos para ligarmos para
a linha Saúde 24, mas alertou para as duas horas de espera. Se não fossemos
atendidos, devíamos seguir para o hospital de Faro. Após várias tentativas,
fizemo-nos à estrada”, conta um jovem infectado (Jornal I, 17 de Agosto de
2009).

Planos de Contingência - 12 Princípios de boas práticas

  1. Não inventar o que já se sabe: alinha-se pelas orientações nacionais em matéria de Saúde Pública (microsite da gripe, em www.dgs.pt).
  2. É específico de cada organização: parte sempre de um bom diagnóstico das especificidades da empresa.
  3. É simples: sintetiza o essencial de forma simples, para poder ser facilmente partilhado por todos os que nele intervêm (anexos técnicos para os detalhes).
  4. É muito mais do que um documento: é um veículo para o envolvimento de toda a organização na preparação para a epidemia de gripe, um instrumento para uma clara distribuição das tarefas previstas para todos os colaboradores e um meio para calibrar e partilhar “expectativas inteligentes” sobre os resultados da sua aplicação.
  5. Define expectativas inteligentes a partir dos seus objectivos: não é possível evitar a pandemia e alguns dos seus efeitos, mas é possível (i) dificultar a transmissão da doença; (ii) contribuir para um diagnóstico, isolamento e tratamento precoce dos doentes; (iii) promover a protecção dos sãos, principalmente os mais vulneráveis; (iv) assegurar a continuidade das principais funções da organização.
  6. Realiza os seus objectivos inovando sempre que possível: a necessidade de responder à crise pandémica pode ser um estímulo para inovar processos, procedimentos, serviços e produtos.
  7. É preciso sobre quando activar que medidas: estabelece claramente as circunstâncias concretas em que cada uma das medidas que prevê deve ser activada.
  8. Centra-se numa estratégia de informação e comunicação: esta atravessa horizontalmente todos os objectivos de plano de contingência e inovação.
  9. Define claramente um dispositivo de gestão: identifica as pessoas que o gerem, o modo como se relacionam com a administração da organização, com as autoridades de saúde ou outras entidades relevantes para o caso particular de cada organização.
  10. Articula-se com os PCIs de organizações que partilham interesses comuns: uma epidemia envolve o conjunto da comunidade – é importante que todos assumam igualmente a “responsabilidade social” que lhes corresponda.
  11. Plano por ensaiar não é plano: é necessário testar todos os seus aspectos operacionais, a tempo de serem accionados quando necessário e ajustar o PCI de acordo com os resultados desses ensaios.
  12. É actualizado regularmente: dessa forma incorpora-se atempadamente o novo conhecimento que entretanto se tornou disponível, assim como as alterações nas orientações das autoridades sanitárias entretanto verificadas.

Expectativas inteligentes face à gripe pandémica

Para superarmos razoavelmente a pandemia da gripe é importante preparámo-nos o melhor possível – mas é igualmente fundamental assumirmos expectativas inteligentes.

É possível:

  • Minimizar os efeitos da pandemia de gripe;
  • Contribuir para evitar “picos” epidémicos excessivos que desorganizam a comunidade tornando a acção dos serviços de saúde muito difícil;
  • Evitar a “cidade da gripe”, deprimida, que perdeu a confiança e a auto estima, “derrotada” perante o desafio pandémico;
  • Assegurar um funcionamento de serviços de saúde que corresponda a expectativas razoáveis face às circunstâncias.

É possível:

  • Isolar rapidamente os doentes sem os “excluir”;
  • Proteger os sãos daqueles que foram expostos à infecção;
  • Proteger os mais frágeis do risco de infecção, com a sua colaboração;
  • Assumir comportamentos de distanciamento social, sempre que existam indicações que o vírus circula na comunidade.

É possível:

  • Manter as organizações a funcionar, assegurando a “continuidade do negócio”, adaptando-o às circunstâncias;
  • Tirar partido da crise para inovar processos, procedimentos, serviços e produtos, em todos os domínios.

Não é possível:

  • Evitar a pandemia da gripe;
  • Deixar de experimentar alguns momentos difíceis quando a doença atingir uma incidência elevada;
  • Eliminar totalmente as complicações da gripe, mesmo sabendo que elas se observam habitualmente numa percentagem muito pequena dos casos;
  • Fazer com que, repentinamente, o país, as instituições e as pessoas atinjam a perfeição.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Comunicação Pública 03

Já está disponível a Comunicação Pública 03, do Centro de Análise da Resposta Social à Gripe Pandémica, onde constam os seguintes pontos:

1. Gripe pandémica: evolução em Portugal
2. Conhecimentos, comportamentos e percepções sobre a Gripe pandémica nos colaboradores de um conjunto de organizações empresariais portuguesas com “planos de contingência”
3. Conhecimentos, comportamentos e percepções sobre a Gripe pandémica nos sócios de uma Associação de Diabéticos
4. Planos de contingência e expectativas inteligentes

Acessivel em:

Comunicação Pública 03

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Aparecimento dos primeiros casos com gravidade clínica



Pela primeira vez, numa altura em que o número de casos ultrapassou os 400, observam-se os primeiros 2 casos clinicamente graves, actualmente hospitalizados, no Hospital São João (Porto).

Numa análise publicada no BMJ (Garske, T, et al, 25 de Julho 2009), referente à situação em 10 de Julho, apresentam-se estimações (com um intervalo de confiança de 95%) em relação as “taxas” de fatalidade e hospitalização da nova gripe em diversos países:

Pensa-se que a discrepância entre as Américas e a Europa é atribuível essencialmente às diferenças na estimação do denominador dos rácios (número total de casos). O rápido crescimento do número de casos nas Américas fez com que um número significativo destes casos – possivelmente os de expressão menos intensa – não fosse contabilizado.

Aspectos críticos da evolução da Gripe pandémica em Portugal

Tem aumentado o número de casos sem origem identificada.
Dos 29 casos sem link conhecido, 2/3 referem-se apenas à Região do Algarve.
A semana de 2 a 7 de Agosto totaliza o maior número de casos (157) confirmados em Portugal.

Estes dados indicam que o vírus da Gripe circula no Algarve, apesar de ainda de forma limitada e provavelmente localizada.

Durante o mês de Agosto acentuam-se os fluxos populacionais estivais – situação propícia a “transportar” o vírus da gripe de uma comunidade para a outra. O mesmo se pode dizer dos “regressos a casa” no fim da primeira quinzena de Agosto, no fim do mês de Agosto e no fim da primeira quinzena de Setembro.

Aprender com a experiência dos outros

Nos dias 27 e 28 de Julho, duas equipas técnicas da Direcção-Geral da Saúde visitaram o Reino Unido e a Espanha, no sentido de tirar partido da aprendizagem realizada nestes países no decurso da actual pandemia, para benefício do trabalho em curso no nosso país.

Na evolução da pandemia "vamos cerca de 8 semanas atrás do Reino Unido e Espanha". isto não quer dizer necessariamente que manteremos essa distãncia. mas quer dizer que vamos ter mais algum tempo para nos prepararmos e aprender com a experiência dos outros.